domingo, 15 de abril de 2007

Diário de um vampiro decadente

Estreando a seção de contos do Blog

Dia 27 de janeiro de 2007

Hoje faz 700 anos que eu me tornei vampiro. Lembro-me bem daquela noite sombria e ao mesmo tempo calma e aconchegante, quando Merry, o homem que me transformaria no que eu sou hoje, chegou do meu lado e começou a puxar conversa. Estavamos em um antigo bar da cidade, chamado de O Anjo Negro, visitado só pela escória daquela cidadezinha no interior da Itália. Naquele tempo eu estava passando por uma fase extremamente, como posso dizer, amarga. Minha namorada acabara de morrer de febre amarela. Tão nova. Tão bela. Deus cometerá um pecado ao levara. E eu ia odia-lo pro resto da vida por causa disso.

Eu tinha 21 anos naquela época. Era de uma familia muito rica. E iria me tornar um grande advogado em breve. Mas desde que ela morrera, eu não tinha mais vontade de viver. E por isso era uma vitima que poderia ser facilmente convencida. Ele começou a conversa com assuntos banais. Parece que ele logo notou que eu era um nobre e começou a falar sobre assuntos concernentes ao alto escalão. Esses assuntos já não me importavam mais. Nada me importava mais. Tinha saido de casa há uma semana e tinha ficado num dormitório perto daquele bar. Mas de qualquer modo, eu conversei com ele. Depois de várias horas de conversa e várias garrafas de vinho, ele me chamou para um passeio. No começo estranhei, mas acabei cedendo. Fiquei curioso, pois ele disse que ia me mostrar uma coisa fascinante.

Chegamos na frente do cemitério. Eu estranhei novamente. Ele entrou sem olhar para trás. Sabia que naquele ponto eu não desistiria. Hesitei, mas acabei entrando. Ficamos contemplando por um tempo aquela paisagem mórbida e bela, iluminada pela fraca luz da lua. Mal se conseguia ouvir o barulho da suave brisa fria que invadia aquele local. Então, ele começou a me falar que podia mudar minha vida, que podia me fazer viver novamente. Na verdade essa não era a palavra mais certa para se usar, ja que ele ia me matar de certa forma. Mas enfim... Depois de um belo discurso, dizendo que quando eu fosse transformado, eu esqueceria de tudo, esqueceria da minha vida, esqueceria de Catherine... e de me mostrar seus dentes e seu poder. Sem saber muito o que fazer, acabei aceitando sua proposta. A transformação foi muito dolorosa e o começo da minha “vida” noturna também. Demorei alguns meses até aceitar que os humanos agora eram minhas presas. E nesse meio tempo só comia ratos e outras coisas grotescas e nojentas.

Depois de alguns dias da minha transformação, nos mudamos para França. Passamos uns meses lá e fomos para Espanha. Eu estava ávido para conhecer as maravilhas do velho mundo, apesar de já ter viajado bastante. Mas agora eu olhava o mundo com outros olhos. Com olhos mais atentos e curiosos. E foi lá na Espanha que eu comecei a aceitar que eu tinha me tornado um vampiro.

Comecei a gostar de ser vampiro depois que matei um caçador de vampiros. Giovanni era seu nome. Vivia sempre no meu pé tentando me matar. No começou era divertido, mas acabou que se tornando chato e acabei por mata-lo. Foi doloroso. Muito doloroso. Pra ele é claro. Mas foi muito prazeroso ter feito aquilo. Uma pulga a menos na minha vida.

Pouco tempo depois as guerras entre vampiros e lobisomens começaram. E foi ai que minha fama começou a crescer. Matei mais de 100 lobisomens. E isso era um número absurdamente grande. Mas fui treinado pelo melhor. Por Merry. Logo me tornei um soldado de Elite. Eu era uma maquina de matar. Poucos tinham chance comigo. Cheguei a escapar do fim varias vezes. A guerra durou anos, quase 100 antes da tregua. Quando a tregua foi finalmente assinada, eu já tinha meu próprio império na Itália. Sim, eu voltei a minha terra natal e me tornei principe dos vampiros na cidade de Roma. Todos naquela cidade me temiam. Não só apenas naquela, mas em outras também. Até os principes. Sabiam que eu era poderoso. Sabiam que eu era praticamente invencível. Que eu tinha habilidades que poucos tinham.

Anos se passaram sem guerras, e o meu tédio aumentava. Meu mestre havia sumido. Ninguém de fato sabia seu paradeiro. Uns diziam que ele estava morto. Outros que apenas estava escondido em algum lugar remoto. “Mate e conquiste”. Essas foram suas últimas palavras pouco antes da guerra final contra os lobisomens. Depois disso nunca mais o vi.

A guerra tinha dizimado muito vampiros fortes e velhos. Agora os novos dominavam as terras sem donos, ocupando seus castelos agora vazios. O caos tomava conta de todas as partes da Europa. Continente que sofreu mais perdas de vampiros anciãos. Por muito tempo foi uma terra sem leis. Anarquia total. Muitos se coroavam principes, mas não tinham forças suficientes para manter seu reinado e acabam sendo liquidados e substituidos por outros. E assim foi por muitos anos.

Mais 200 anos se passaram e as guerras recomeçaram. Agora eram contra os humanos. Os bastardos finalmente tinham força para nos combater. As armas de fogo faziam um grande estrago em nós. Principalmente quando usavam prata. E depois ficava fácil decepar nossas cabeças. Mas acabamos vencendo a guerra que durou cerca de alguns meses. Depois disso foram anos tranquilos e tediosos. As guerras agora estavam praticamente extintas. Alguns conflitos aqui e ali. Mas nada que anima-se muito. Eu não tinha mais nada o que fazer. Meu negocio era guerrear. Tentava achar um passatempo mas nada me animava.

Passaram-se mais 300 anos e nada acontecia de muito interessante. Transformei alguns humanos em vampiros ao longo dos anos. Mas todos se tornaram chatos com o tempo. Nenhum estava a altura de ser meu púpilo e acabam morrendo, ou por minhas mãos ou pelas mãos de outros vampiros ou caçadores. Não vou mentir. Eu era muito exigente. Queria alguém melhor do que eu. Precisava de um desafio de verdade. Mas nunca encontrei.

E agora, cá estou, contemplando o fogo de uma lareira de um castelo em Roma, em pleno século 21. Completamente abandonado e esquecido por todos, pois não sirvo mais pra nada, já que não existem mais guerras. O mundo mudou. As pessoas mudaram. Menos eu, conhecido, amado e odiado por muitos pelo nome de Marius. O vampiro assassino sanguinario, hoje em dia decadente e que depois de todos esses anos, de todas as matanças e maldades, nunca conseguiu esquecer o amor por sua doce Catherine.

FIM

3 comentários:

Fernanda Valladares disse...

Huahuahauh, adoreeeeeeei a historinha! esse Marius tem um memória boa hein..700 anos e ainda se lembra de como foi o seu 'nascimento' huahuahuahauhua! gostei do texto, bastante atrativo! =* bjão!

Unknown disse...

Os amaldiçoados... tantas habilidades fascinantes, velocidade, força... seres eternos...
Porém fadados ao esquecimento...

kitana disse...

sera mesmo de verdade ou so mais uma farça ja me deparei com varios farçante sera que nao é mais um marius gosto que me provem sera capas de provar?
ou é simplesmente um criador de estorias...me prove que é realmente um vampiro...